Lá é frio!!
Li agora no Roccana, que a Ana está viajando até Lavras e está com medo de encarangar.
Imagina, comentei, encarangar em Lavras, com todas aquelas lareiras maravilhosas em todas as casas.
Adoro o frio. Às vezes penso que seja pelas lembranças de infância que ele me trás.
Nasci e passei minha primeira infância em Lavras, terra de muito frio, muita geada.
Ao cair da tarde, nos meses de frio, entrávamos para dentro de casa e só saíamos no outro dia pela manhã. Eu e meus irmãos para irmos à escola, meus pais para trabalharem.
Não havia televisão naquela época. Bem, televisão existia, claro, mas não lá em Lavras.
O centro agregador era a lareira. (Muitas vezes só se apagava o fogo quando os últimos dias de frio iam embora. Somente retiravam as cinzas e se recomeçava o fogo com as brasas do dia anterior, que ainda ardiam) Tudo girava em torno dela.
Ali ficávamos todos sentados. Tá bom! meus pais ficavam sentados, nós ficávamos atirado no tapete, brincando, lendo, recortando, pintando e bordando.
Esta é uma justificativa para a quantidade de coleções de livros que líamos.
Uma brincadeira ótima era aquecer, descascar e comer laranjas. Competíamos para ver quem conseguia a maior casca. Espremer a casca da laranja, próximo ao fogo e ver aquelas chamas coloridas me fascinava, eu ficava horas fazendo isso.
Em algumas noites havia mesa de carpeta (jogo de baralho). Meus pais e alguns convidados, amigos e meus tios e tias, jogavam canastra ou pif-paf (pife, mesmo!). Assim, aprendemos muito cedo a jogar baralhos, pois costumávamos "ficar peruando", como se diz, em volta da mesa.
Deste modo vivíamos as geladas noites do inverno lavrense.
E quando chegava a hora de irmos para a cama!?
Trocar de roupa. Ter que tirar aquela quantidade de roupas que vestíamos e colocar o pijama, brrrrr!!! Mas, tínhamos nossos truques:
enquanto o pijama aquecia junto a lareira, passávamos a roupa de cama com o ferro elétrico, sob as cobertas, que ficavam quentinhas!! depois trocávamos de roupa em frente a lareira, nos enrolávamos numa manta e então corríamos para debaixo das cobertas.
O pai vinha, fazia de nós uma salsicha: apertava bem as cobertas junto ao nosso corpo, para que, deste modo, ficássemos imóveis e quietos até adormecermos.
Em noites de muito frio, com previsão de geada, era necessário encher alguns baldes com água para que pudéssemos lavar o rosto, escovar os dentes e meu pai fazer a barba na manhã seguinte. O frio era tanto que a água congelava nos canos e não saía nas torneiras!
Levantar da cama no dia seguinte era um suplício.
Meu sonho era ter aulas à tarde.
7 Comments:
Tu escreves super bonito! Dá para recordar o friiiioooo de Santa Maria. Nós somos gêmeos, mas nascemos em diferentes anos e em diferentes lugares. Outro milagre do Espírito Santo, né?
Vou ver se consigo umas camisetas da Daspu para ti e para mim. Bjs.
É sempre bom ler o que escreves, Zeca. Adoro, pq, tal como a Ana, fazes me lembrar da infância.
Lá em casa não era muito diferente, mas quando eu era bem nova não tinha lareira, ficávamos todos na cozinha, muito fogo no fogão esquentando água para colocarmos nas garrafas e esquentarmos os pés.
Eu não parava quieta, sempre aprontando. Uma vez me prometeram compota de pêssego, que eu adorava, se ficasse quieta por 5 minutos. Pra mim pareceu uma eternidade, acho que me deixaram muito mais tempo. E quando terminou o tempo não tinha o doce. (lembra que o tio Carlos trazia de Pelotas?) Chovia, além do frio, mas fiz o pai sair pra comprar, pois tinham me ensinado que devemos cumprir as promessas.
É isso aí, Zeca, escreve mais pra lembrarmos mais coisas.
Bjs.
quando eu era pequeninha, minha mãe passa a cama a ferro e eu deitava naquele lugar quentinho (como um útero?). uma das melhores sensações desta pintinha.
Delícia, Zéca!
A cama, além de gelada, parecia úmida, quando eu era criança! A Teresa fazia duas coisas que eu amava: mingau de chocolate e passar a cama ferro! Tudo de bom!
Tudo o que tu falou me fez lembrar da minha infãncia! Só mudou o endereço! Adorei!
Zeca, conta da lareira da tia Minhoca. Plis!
Heheheheh!
A tia Miroca foi rebatizada pela Thelma!
Meninas
Eu acho q a Clarice se referiu à tia Gasparina...
Taí... vou contar a história da Lareira da Tia Gasparina...
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