Tiro ao Alvo
Hoje vi uma cena em um filme que me recordou cenas de infância. No filme, uma mulher coloca um pequeno copo de vodca na cabeça e olhando para o homem com um revólver diz:
"Eu te desafio." Os personagens são Joan e Willian. O filme é Anos Loucos (Beat- título original) de Gary Walkow, uma tentativa de romancear a vida de William Burrought, o escritor que, nos anos 40 e 50, deu um novo sentido a vida, no que ficou conhecido como movimento 'beatnick'.
Logicamente que descontextualizando a cena é que minhas lembranças vieram à tona:
Entre eu e meu irmão mais velho, o Cláudio, existe uma geração de diferença. Eu era um brinquedo para ele.
Eu tinha que obedecê-lo e respeitá-lo, sob a ameaça, muitas vezes concretizada, de ter que tomar um banho frio, com roupas, em pleno inverno ou no caso de pronunciar palavras, digamos, de baixo calão ter que correr e lavar a boca para tentar tirar o ardido da pimenta.
Mas a cena que me veio à memória é a seguinte:
eu tinha que pegar uma bagana de cigarro entre os dedos indicador e polegar, com o braço esticado lateralmente, firme e sem tremer, para servir de alvo. Ele disparava chumbinhos com carabina de pressão.
Outro alvo era uma pequena caixa de fósforos que ele colocava em minha cabeça. Eu tinha que ficar paradinho, sem me mexer, enquanto ele, virado de costas para mim, com a carabina colocada sobre o ombro, fazia mira através de um espelho.
Eu me prestava a tudo isso, talvez nem fosse pelo medo do banho frio ou da pimenta na boca, mas por inocência mesmo. Acho até que eu me sentia uma pouco "mais grande" por participar das "brincadeiras" dele. E dos amigos dele.
Brincadeiras que duraram até minha mãe descobrir...
Por sorte eles eram bons de mira!
"Eu te desafio." Os personagens são Joan e Willian. O filme é Anos Loucos (Beat- título original) de Gary Walkow, uma tentativa de romancear a vida de William Burrought, o escritor que, nos anos 40 e 50, deu um novo sentido a vida, no que ficou conhecido como movimento 'beatnick'.
Logicamente que descontextualizando a cena é que minhas lembranças vieram à tona:
Entre eu e meu irmão mais velho, o Cláudio, existe uma geração de diferença. Eu era um brinquedo para ele.
Eu tinha que obedecê-lo e respeitá-lo, sob a ameaça, muitas vezes concretizada, de ter que tomar um banho frio, com roupas, em pleno inverno ou no caso de pronunciar palavras, digamos, de baixo calão ter que correr e lavar a boca para tentar tirar o ardido da pimenta.
Mas a cena que me veio à memória é a seguinte:
eu tinha que pegar uma bagana de cigarro entre os dedos indicador e polegar, com o braço esticado lateralmente, firme e sem tremer, para servir de alvo. Ele disparava chumbinhos com carabina de pressão.
Outro alvo era uma pequena caixa de fósforos que ele colocava em minha cabeça. Eu tinha que ficar paradinho, sem me mexer, enquanto ele, virado de costas para mim, com a carabina colocada sobre o ombro, fazia mira através de um espelho.
Eu me prestava a tudo isso, talvez nem fosse pelo medo do banho frio ou da pimenta na boca, mas por inocência mesmo. Acho até que eu me sentia uma pouco "mais grande" por participar das "brincadeiras" dele. E dos amigos dele.
Brincadeiras que duraram até minha mãe descobrir...
Por sorte eles eram bons de mira!